E conta a história:
Leonel foi adotado por um casal que, cheio de
compaixão, resolveu ajudá-lo. Assim, o menino foi para a escola,
beneficiando-se com a luz do conhecimento.
Cresceu, fez-se homem. O casal, que o amava como
filho do coração, morreu num acidente de carro. Como não tivesse outros
descendentes, Leonel recebeu toda a herança.
Leonel multiplicou o que recebera. Construiu um
pequeno cômodo, embaixo da casa, que ele mantinha trancado e onde colocava
todos os seus tesouros.
Leonel casou-se com Alice e
teve dois filhos. No entanto, tinha muito medo de perder o que conquistara
com tanta dificuldade. Desse modo, obrigava a família a levar uma vida
miserável, onde a própria alimentação era regrada. A família passava
necessidade de coisas básicas, material escolar, roupas, calçados. E sua
esposa,sempre dizia: |
— Leonel,
nossos filhos precisam de roupas novas e calçados! Não podem sair com roupas
rasgadas!
— Por que
não as remenda? Meu dinheiro não é para gastar em futilidades. Se eles querem
novas roupas, que as comprem!
— Mas
eles são pequenos, querido; precisam estudar. Não têm idade para
trabalhar.
— Pois
com a idade deles, eu já trabalhava na lavoura.
Cansada de argumentar em vão, a pobre mãe
calava-se. E assim o tempo foi passando.
Certo dia, Leonel precisou viajar a negócios por
vários dias e não deixou dinheiro. Cansada daquela miséria, logo após a partida
dele, Alice foi com os filhos para a casa de seus pais, em um bairro distante.
Quando
Leonel voltou, após uma semana, ficou apavorado. Viu que a casa havia sido
completamente destruída pelo fogo. Ao vê-lo chegar, os vizinhos correram a
encontrá-lo.
— Leonel! Onde vocês estavam? Sua casa pegou fogo e
tentamos apagá-lo, mas sem sucesso. Ninguém soube explicar o que aconteceu!
Quando vimos, as chamas já tinham tomado conta da casa toda!
Leonel chorou copiosamente, desesperado. Durante
aqueles dias de ausência, sentira muita falta da esposa e dos filhinhos. Onde
estariam eles? Com certeza estariam mortos! Deus o punira pela sua avareza, retirando
o que ele tinha de mais valioso. Pôs-se a gritar:
— Meu
Deus, perdoe-me! Quero minha família de volta! Alice, meus filhos, perdoe-me! O
que será de mim sem vocês?
O vizinho
acalmou-o, explicando-lhe que os bombeiros só encontraram destroços de coisas
queimadas. E concluiu:
— Ninguém
viu sua família por aqui. Estranhei a ausência deles. Se tivéssemos a chave, os
bombeiros ainda teriam conseguido salvar alguma coisa...
Nesse
momento, Alice e os filhos vinham chegando. Sabendo que era dia de Leonel
retornar, voltavam para casa quando viram tudo destruído.
Ao
vê-los, Leonel abraçou-os em lágrimas, agradecendo a Deus por tê-los
preservado.
— O que
houve Leonel?!... — indagou Alice.
— Não
sei, querida. Ninguém sabe a razão do incêndio. Mas... Onde vocês
estavam?
— Como
você não tinha deixado dinheiro e não tínhamos o que comer, nós fomos para a
casa dos meus pais — explicou ela, temerosa da reação do marido.
Leonel pediu-lhe perdão, envergonhado das suas
atitudes, afirmando que, graças a isso, não tinham morrido.
Depois,
perplexo, Leonel fitava a casa destruída, onde tudo estava preto e o cheiro de
coisas queimadas ainda era forte, pensando: onde teria começado o incêndio?
De
repente, ele se lembrou! Antes de viajar, tinha ido até seu esconderijo para
apreciar mais uma vez seus tesouros. Como ele não tivesse feito ligação
elétrica, acendia uma vela toda vez que queria iluminar o quartinho. Na pressa
de viajar, esquecera a vela acesa!
Com o
coração amargurado, caminhou no meio dos destroços, preocupado com seu tesouro,
mas nada encontrou. Certamente os títulos haviam queimado; o ouro e as jóias,
alguém já os havia encontrado e levado embora.
Preocupada,
Alice perguntou ao marido:
— Leonel,
o que vai ser de nós, agora sem nossa casa, sem recursos para viver?
Pela
primeira vez em todos aqueles anos de convívio, ele a abraçou, tranqüilizando:
—
Querida, não se preocupe! Temos o suficiente para prover as necessidades da
família, graças a Deus!
Depois,
envolvendo a esposa e os filhos num grande abraço, concluiu:
—Tudo o
que perdemos nada significa. Não há tesouro maior para mim do que vocês.
Continuar com nossa família reunida é o que mais peço a Deus. A partir de hoje,
começa uma nova vida para nós. Vocês terão tudo o que merecem, eu prometo!
E Alice
sentiu seu coração se encher de novas esperanças diante daquelas palavras. Uma
nova vida repleta de amor e felicidade começava para toda a
família. MEIMEI
Amar e ser feliz...
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